Você sabe o que é Racismo Ambiental?

*A autoria do texto é o projeto Ambiafro. Por um erro no site não conseguimos colocar a autor correto.  

Imagine que em uma bela manhã você acorda e sente que alguma coisa está diferente próximo à sua casa. Há uma movimentação diferente, barulho de máquinas, poeira sendo levantada e pessoas que você nunca viu na vida lhe dizerem que você tem que sair, pois uma rodovia vai ser construída e sua casa (você e seus familiares também) estão no caminho. Ou ainda, imagine também que em um riacho bem perto de onde você mora (cresceu e viveu boa parte da vida) está recebendo rejeitos de uma indústria que foi instalada uma semana antes. Tudo isso em nome do desenvolvimento! Isso tudo pode parecer absurdos de algum futuro distópico, porém aconteceu (e acontece) aqui no Brasil e em outras localidades mundo afora. Certas comunidades humanas são ‘escolhidas a dedo’ para passarem por essas situações. Geralmente, a carga dos danos ambientais do desenvolvimento se concentra, de modo predominante, em locais onde vivem comunidades vulneráveis, em sua maioria, negras. Assim se forma o racismo ambiental. 

O racismo ambiental é uma forma de discriminação institucionalizada. É um processo histórico e político, uma discriminação racial originada desde a elaboração até a aplicação de leis e políticas socioambientais. Os efeitos  dos impactos causados pelas atividades humanas  não  são  vivenciados  da  mesma  maneira  por todos os estratos étnicos  e  sociais. No Brasil, são os bairros pobres das periferias urbanas (majoritariamente de pessoas pretas) e nos territórios indígenas, quilombolas e das outras comunidades tradicionais que são  obrigados  a  conviver  com  a  poluição   do  ambiente  onde  vivem  e  trabalham, escassez de água e energia, entre outras coisas. São pessoas desassistidas pelo Estado. A força econômica determina o poder de acesso à direitos básicos. Não é atoa que no  modelo de produção capitalista atual, esta situação de vulnerabilidade ambiental   esteja fortemente relacionada à desigualdade social.

Embora atualmente o reconhecimento do racismo ‘clássico’ no Brasil ainda seja discutido, o ponto de partida para mudar essa relação socioambiental é primeiramente o reconhecimento da sua existência. O racismo é uma questão central na construção da democracia no Brasil e o melhor modo de tratar essas questões é com a participação de todos os cidadãos interessados, em várias esferas de organização. O Estado (Federal, Estadual e Municipal) deve atuar para diminuir as desigualdades e assistir corretamente àqueles em situação vulnerável. Pode parecer uma utopia, mas é possível.