O Olhar para a Criança do Primeiro Setênio.
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O Olhar para a Criança do Primeiro Setênio.

 

Texto escrito pela voluntária Natalia Jorge.

A criança do primeiro setênio é nada mais do que o ser humano que chegou há pouco tempo nesse planeta. Se pensarmos dessa forma, podemos observar que essa criança carrega menos definições da cultura que a cerca, menos estereótipos que possa ter observado nos adultos a sua volta. Em outras palavras, ela tem menos interferências do ambiente humano desse tempo em que ela nasce. Desta forma, podemos observar na natureza da criança pequena muito do que o humano traz do mundo espiritual, da vida anterior ao nascimento.

Steiner nos conta que nesses primeiros sete anos de vida na Terra, a tarefa da criança é formar seu corpo físico dá melhor forma possível para que ele possa abrigar da melhor forma os corpos que ainda estão por nascer: o corpo dá vitalidade, corpo etérico, que nasce no final do primeiro setênio, o corpo das emoções, ou corpo astral, que nasce ao final do segundo setênio e finalmente o Eu, o corpo dá individualidade, que chegará ao final do terceiro setênio, por volta dos 21 anos de idade.

Nessa primeira etapa da vida na Terra portanto, encontramos um ser humano que acaba de chegar e precisa conhecer este mundo ao mesmo tempo em que forma seu corpo físico e acolhe em si, as características genéticas da família que possibilitou sua vinda, assim como traços de sua individualidade, muito sutilmente à disposição num primeiro momento. Nos três primeiros anos de vida, as tarefas da criança são andar, falar e pensar. Nesse primeiro momento a criança é dotada de grande força da vontade, uma força que nasce com ela e que carrega qualidades do mundo espiritual. Para que ela conquiste a verticalidade, ela precisa combinar sua grande força interna com a conquista do ambiente que a cerca, a começar pelo seu corpo, e logo ao espaço que seu corpo habita. Por ser uma tarefa gigante a de aprender a andar, a criança será guiada pelo seu interior com muita firmeza, mas precisará que o ambiente possibilite que seu corpo o conquiste. O mesmo vai acontecer com o andar e o pensar.

Essa combinação das forças formativas internas com um ambiente saudável e acolhedor é o que vai permitir que a criança vá chegando ao seu corpo, ao mundo e ao ambiente social com confiança . Apesar de muito simples, o ambiente saudável não é tão facilmente produzido no nosso tempo, devido a nossa vida estar muito afastada da natureza e dos ritmos naturais da Terra, a nossa civilização hoje normaliza alguns elementos que não fazem parte dessa natureza e nosso olhar para infância é comumente cheio de medos e de desconfiança em relação o mundo. Faz sentido para nós adultos que tenhamos medo - sabemos sobre a precariedade da vida humana na Terra hoje - mas cada vez que uma criança nasce, temos a chance de lembrar que a Terra e o ser humano fazem parte do mesmo organismo vivo e que quanto mais nós nos abrimos para natureza, mais podemos sentir essa forte relação entre a nossa vida e a vida de tudo que habita na Terra.

Quando uma criança passa pelo nascimento, ela faz uma viagem difícil do Espírito ao corpo e conhece o mundo como algo totalmente novo. É muito importante que ela reconheça no mundo um lugar Bom de viver, um lugar aonde ela quer estar, aonde pode se abrir para receber os tesouros trazidos por sua individualidade para o resto da humanidade. Cada um de nós carrega uma tarefa única para o desenvolvimento da humanidade na Terra. Sendo assim, nossa tarefa como adultos que recebem a criança do primeiro setênio é apresentar o mundo em que ela chegou com confiança e entusiasmo.

É importante que a criança se sinta segura para suportar uma abertura em seu ser que permita que ela receba os aspectos de si mesma que chegarão aos poucos ao longo da sua biografia. Isso é de suma importância para saúde da criança que chega e, em mesma medida, para a saúde da humanidade como um todo.

O que cada ser humano traz pro mundo é muito necessário para o desenvolvimento de todos nós que vivemos neste momento na Terra, assim como os que ainda virão e aqueles que já ofereceram sua qualidade para o corpo da humanidade e já se retiraram desse planeta.

Receber novos seres humanos na comunidade humana é uma tarefa difícil e nobre. É preciso cultivar um espaço interno silencioso para que nós, como adultos, sejamos o próprio ambiente em que a criança vai poder reconhecer que sua viagem é boa, que sua tarefa é essencial e que nós estávamos esperando por ela com grande entusiasmo. Conquistar esse olhar para a vida infantil é cultivar o sentimento de Veneração pela infância.

Um adulto que venera a infância, que cultiva esse sentimento com frescor sempre renovado, é um adulto que comunica a criança com a sua presença e suas ações que sabe muito bem de onde ela veio e o que ela faz aqui. E essa disposição de alma permite que a criança conserve a curiosidade e alegria que trouxe em si, e possa enfrentar a difícil tarefa de viver com amor à vida humana.

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